Cultura material: sobre uma vivência entre tangibilidades e simbolismos

Autores

  • Marcus Dohmann Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

DOI:

https://doi.org/10.22398/2525-2828.2641-53

Resumo

O presente artigo aborda o objeto como um registro da complexidade social, onde é possível identificar relações de poder, padrões de pensamento e processos de simbolização, ao mesmo tempo em que hierarquizações sociais e funcionais podem ser percebidas com a intenção de esclarecer e tornar mais compreensíveis as tensões que surgem no cotidiano da vida humana. Não há como contar a história do mundo usando apenas textos. Embora a escrita apresente-se como uma últimas conquistas da humanidade, grande parte dos registros, entre preocupações, crenças e aspirações, foram legados pelos objetos materiais, em uma história contada de forma assimétrica. O entendimento da vida antiga dos artefatos passou a exigir estruturas de perícia da Arqueologia e Antropologia, envolvendo-nos com os objetos de forma generosa e poética, na esperança de alcançar os vislumbres de compreensão que eles nos poderiam oferecer. Na abordagem realizada no presente artigo, podemos ver que trata-se de um processo complexo e incerto no qual os objetos, alcançáveis apenas através de camadas de tradução cultural, precisam ser rigorosamente examinados e imaginados de novo em suas utilizações. Percepções e perguntas fomentam atos de interpretação, entre apropriações imaginativas e poéticas essenciais, para auxiliar o entendimento das histórias usando objetos. Uma história contada por objetos depende por completo da matéria que sobrevive do seu uso, ressaltando que tornam-se documentos não apenas do mundo para o qual foram destinados, mas também para os períodos posteriores que o alteraram. 

Biografia do Autor

Marcus Dohmann, Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

Graduado em Desenho Industrial pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, com Mestrado em História da Arte e Doutorado em Artes Visuais, tem Pós-Doutorado no campo de Estudos Culturais, pelo Programa Avançado de Cultura Contemporânea - PACC/UFRJ, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professor e fundador/coordenador do Laboratório do Núcleo Gráfico de Comunicação Visual (LabGraf), atuando como docente do quadro permanente do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais e do Curso de Desenho Industrial - hab. Programação Visual (Graduação) da EBA/UFRJ. Membro externo do Núcleo Docente Estruturante do Curso de Desenho Industrial - Desenho de Produto da EBA/UFRJ e membro do NDE do Curso de Comunicação Visual Design. Consultor para design da Incubadora de Empresas da COPPE/UFRJ e do Parque Tecnológico da UFRJ, acumula experiência na área de Ciências Sociais Aplicadas, com ênfase em Desenho Industrial, atuando principalmente na área de design gráfico e de embalagens, com foco de pesquisa em cultura material. Líder do grupo de pesquisa do Núcleo de Estudos do Objeto - NEO, junto ao CNPq, certificado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Avaliador para reconhecimento de cursos de graduação na área de Design/Desenho Industrial, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira — INEP. Autor e organizador do livro "A experiência material: a cultura do objeto".

Referências

Braudel, F. Civilização Material, Economia e Capitalismo. 3 vol. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

Pesez, J. M. "História da Cultura Material" In Le Goff, J. (org.) A História Nova. São Paulo: Martins Fontes, 1990.

Roche, D. História das Coisas Banais. Rio de Janeiro: Rocco, 2000.

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Publicado

2017-12-04

Edição

Seção

Artigos