Arte e tecnologia nos mercados: questões para discussão e análise

Autores

  • Sandro Ruduit Garcia Universidade Federal do Rio Grande do Sul

DOI:

https://doi.org/10.22398/2525-2828.720152168

Palavras-chave:

Economia criativa, Enraizamento, Sociologia econômica

Resumo

Há hoje uma profícua produção científica de distintas especialidades, em diferentes países, regis trando não apenas a expansão, mas também a transformação de mercados de artes e de bens e serviços culturais. Com base em uma revisão da literatura especializada, o presente artigo analisa algumas questões de interesse sociológico que se vêm debatendo sobre as recentes transforma ções nesses mercados. A conclusão mais geral sugere que o curso de tais transformações econômi cas se sustenta em diferentes formas de enraizamento sociopolítico e institucional, relativizando tanto os enfoques que atribuem ao mecanismo de mercado uma força avassaladora quanto aque les que o concebem como a resposta mais eficiente na geração e alocação de recursos.

Biografia do Autor

Sandro Ruduit Garcia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Doutor em Sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Professor associado no Departamento de Sociologia e Professor Permanente no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Referências

ADORNO, T.; HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1996.

ALENCAR, E. M. L. S. de. Promovendo um ambiente favorável à criatividade nas organizações. Revista de Administração de Empresas, v. 38, n. 2, p. 18-25, 1998.

ALMEIDA, M. I. M. de. Criatividade contemporânea e os redesenhos das relações entre autor e obra: a exaustão do rompante criador. In: ALMEIDA, M. I. M.; MACHADO-PAIS, J. (org.). Criatividade, juventude e novos horizontes profissionais. Rio de Janeiro: Zahar, 2012. p. 21-55.

AMABILE, T. M. How to kill creativity. Harvard Business Review, v. 76, n. 5, p. 76-87, 1998.

BANKS, M. Craft labour and creative industries. International Journal of Cultural Policy, v. 16, n. 3, p. 305-321, 2010. https://doi.org/10.1080/10286630903055885

BARRIER, J. La science en projets: financements sur projet, autonomie professionnelle et transformations du travail des chercheurs académiques. Sociologie du Travail, v. 53, n. 4, p. 515-536, 2011. https://doi.org/10.4000/sdt.10309

BECK, U. A metamorfose do mundo. Rio de Janeiro: Zahar, 2018.

BENDASSOLLI, P. F.; BORGES-ANDRADE, J. E. Significado do trabalho nas indústrias criativas. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 51, n. 2, p. 143-159, mar.-abr. 2011. https://doi.org/10.1590/S0034-75902011000200003

BOURDIEU, P. A distinção: crítica social do julgamento. Porto Alegre: Zouk, 2007.

BURNS, T. R. The sociology of creativity: a sociological systems framework to identify and explain social mechanisms of creativity and innovative developments. Working Papers CIES/IUL, Lisboa, n. 196, p. 1-38, 2014.

BURT, R. Structural holes and good ideas. American Journal of Sociology, v. 110, n. 2, p. 349-399, 2004. https://doi.org/10.1086/421787

CASTELLS, M. A sociedade em rede. 2. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

CASTELLS, M.; CARDOSO, G.; CARAÇA, J. A crise e seus efeitos. São Paulo: Paz e Terra, 2013.

CAVES, R. Contracts between arts and commerce. Journal of Economics Perspectives, v. 17, n. 2, p. 73-83, 2003. https://doi.org/10.1257/089533003765888430

COMUNIAN, R. Uma cidade criativa de tipo relacional: para uma cartografia das ligações em rede entre os setores público, privado e sem fins lucrativos nas indústrias criativas. Revista Crítica de Ciências Sociais, v. 99, p. 99-124, 2012. https://doi.org/10.4000/rccs.5126

CORAZZA, R. I. Criatividade, inovação e economia da cultura: abordagens multidisciplinares e ferramentas analíticas. Revista Brasileira de Inovação, Campinas, v. 12, n. 1, p. 207-231, 2013. https://doi.org/10.20396/rbi.v12i1.8649059

COSTA, A. D.; SANTOS, E. R. S. Economia criativa no Brasil: quadro atual, desafios e perspectivas. Economia & Tecnologia, ano 7, v. 27, p. 151-159, 2011.

CUNNINGHAM, S. D. et al. Financing creative industries in developing countries. In: BARROWCLOUGH, D.; KOZUL-WRIGHT, Z. (org.). Creative industries and developing countries: voice, choice and economic growth. Londres e Nova York: Routledge, 2008. p. 65-110.

DENNING, S. Metrics for the emerging creative economy. Strategy & Leadership, v. 42, n. 5, p. 18-27, 2014. https://doi.org/10.1108/SL-08-2014-0057

DEPARTMENT FOR CULTURE MEDIA & SPORT (DCMS). Creative industries economic estimates: statistical release. Londres: DCMS, 2014.

DE VAAN, M.; STARK, D.; VEDRES, B. Game changer: topologia dela creatività. Stato e Mercato, n. 102(3), p. 307-340, 2014.

DILÉLIO, R. C. Economia criativa e a nova agenda econômica. Ciências Sociais Unisinos, São Leopoldo, v. 50, n. 3, p. 206-217, 2014. https://doi.org/10.4013/csu.2014.50.3.03

EIKHOF, D. R.; HAUNSCHILD, A. Lifestyle meets market: bohemian entrepreneurs in creative industries. Creativity and Innovation Management, v. 15, n. 3, p. 234-241, 2006. https://doi.org/10.1111/j.1467-8691.2006.00392.x

FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (FIRJAN). Mapeamento da indústria criativa no Brasil. Rio de Janeiro: Firjan, 2019.

FERRAZ, T. S. Quanto vale a arte contemporânea? Novos Estudos, São Paulo, n. 101, p. 117-132, mar. 2015. https://doi.org/10.1590/S0101-33002015000100006

FLEW, T.; CUNNINGHAM, S. Creative industries after the first decade of debate. The Information Society, v. 26, n. 2, p. 113-123, 2010. https://doi.org/10.1080/01972240903562753

FLIGSTEIN, N.; MCADAM, D. A theory of fields. Nova York: Oxford University Press, 2012.

FLORIDA, R. A ascensão da classe criativa. Porto Alegre: L&PM, 2011.

FREEMAN, C.; SOETE, L. A economia da inovação industrial. Campinas: Editora da Unicamp, 2008.

GLAESER, E. Os centros urbanos: a maior invenção da humanidade. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.

GOLGHER, A. B. A distribuição de indivíduos qualificados nas regiões metropolitanas brasileiras: a influência do entretenimento e da diversidade populacional. Nova Economia, Belo Horizonte, v. 21, n. 1, p. 109-134, 2011. https://doi.org/10.1590/S0103-63512011000100004

HABERMAS, J. A nova obscuridade. São Paulo: Editora da Unesp, 2015.

HERSCOVICI, A. O “capitalismo imaterial”: elementos para uma análise (socio)econômica. Novos Estudos, São Paulo, n. 102, p. 133-151, 2015. https://doi.org/10.25091/S0101-3300201500020008

HOWKINS, J. Economia criativa. São Paulo: M. Books do Brasil, 2013.

HUTTER, M. et al. Research Program of the Unit “Culture Sources of Newness”. Discussion Paper SP III, Berlim, v. 405, p. 1-38, 2010.

KIM, C. Labor and the limits of seduction in Korea’s creative economy. Television & New Media, v. 15, n. 6, p. 562-576, 2014. https://doi.org/10.1177%2F1527476413485644

KONG, L. Ambitions of a global city: arts, culture and creative economy in “pós-crisis” Singapore. International Journal of Cultural Policy, v. 18, n. 3, p. 279-294, jun. 2012.

KÖSTER, P. R. et al. La cultura como factor de innovación económica y social. Valência: Econcult/IIDL/Universitat de València, 2013. (Proyecto Sostenuto.)

LAHIRE, B. A cultura dos indivíduos. Porto Alegre: Artmed, 2006.

LANDRY, C. Cidade criativa: a história de um conceito. In: REIS, A. C. F.; KAGEYAMA, P. (org.). Cidades criativas: perspectivas. São Paulo: Garimpo de Soluções, 2011. p. 7-16.

LIPOVETSKY, G.; SERROY, J. A cultura-mundo: resposta a uma sociedade desorientada. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

MARKUSEN, A.; GADWA, A. Creative placemaking. Washington, D.C.: Report Economic Research Services/Metris Arts Consulting, 2010. 69 p.

MARTINAITYTÈ, E.; KREGZDAITÈ, R. The factors of creative industries development in nowadays stage. Economics and Sociology, v. 8, n. 1, p. 55-70, 2015. https://doi.org/10/14254/2071-789X.2015/8-1/5

MILLER, T. La nueva derecha de los estúdios culturales – las industrias creativas. Tabula Rasa, Bogotá, n. 15, p. 115-135, 2011. https://doi.org/10.25058/20112742.100

MORAES, J. L.; SCHWARTZ, G. Cidades criativas e conexão audiovisual. Informações Fipe: Temas de Economia Aplicada, São Paulo, p. 12-14, 2011.

NOVY, J.; COLOMB, C. Struggling for the right to the (creative) city in Berlin and Hamburg: new urban social movements, new “spaces of hope”? International Journal of Urban and Regional Research, v. 35, n. 5, p. 1816-1838, 2013. https://doi.org/10.1111/j.1468-2427.2012.01115.x

OLIVEIRA, M. C. V. Os trabalhadores da economia da cultura: novas tendências e velhas lições. In: SALERNO, M. S. et al. (org.). Inovação: estudos de jovens pesquisadores brasileiros. São Paulo: Papagaio, 2010. v. 1. p. 314-362.

PEUTER, G. Creative economy and labor precarity: a contested convergence. Journal of Communication Inquiry, v. 35, n. 4, p. 417-425, 2011. https://doi.org/10.1177%2F0196859911416362

POWELL, W.; SNELLMAN, K. The knowledge economy. Annual Review of Sociology, v. 30, p. 199-220, 2004. https://doi.org/10.1146/annurev.soc.29.010202.100037

RAJCHMAN, J. O pensamento na arte contemporânea. Novos Estudos, São Paulo, n. 91, p. 97-106, nov. 2011. https://doi.org/10.1590/S0101-33002011000300005

RAMELLA, F. Sociologia dell’innovazione económica. Bolonha: Mulino, 2013.

REIS, A. C. F. Cidades criativas: da teoria à prática. São Paulo: Sesi, 2012.

REIS, A. C. F. Economia criativa como estratégia de desenvolvimento: uma visão dos países em desenvolvimento. São Paulo: Itaú Cultural, 2008.

SHIN, H.; STEVENS, Q. How culture and economy meet in South Korea: the politics of cultural economy in culture-led urban regeneration. International Journal of Urban and Regional Research, v. 37, n. 5, p. 1707-1723, 2013. https://doi.org/10.1111/j.1468-2427.2012.01161.x

SWEDBERG, R. Max Weber e a ideia de sociologia econômica. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 2005.

SWEDBERG, R. The cultural entrepreneur and the creative industries: beginning in Viena. Journal Culture Economic, v. 30, n. 4, p. 243-261, 2006.

TOLEDO, D. G. C.; BARBOSA, I. S. Indicadores de inovação não tecnológica. In: SALERNO, M. S. et al. (org.). Inovação: estudos de jovens pesquisadores brasileiros. São Paulo: Papagaio, 2010. v. 1. p. 204-223.

TOURAINE, A. Crítica da modernidade. Petrópolis: Vozes, 1994.

TOURAINE, A. Poderemos viver juntos? Iguais e diferentes. Petrópolis: Vozes, 2003.

TREMBLAY, D.; DARCHEN, S. The attraction/retention of knowledge workers and the creative city paradigm: can we plan for the talents and at what coast? The case of Montreal. Research note of the Canada Research Chair on the Socio-organizational Challenges of the Knowledge Economy. Montreal: Université du Québec, 2011.

TRIGO, J. P. El debate de la creatividad y la economia em las ciudades actuales y el papel de los diferentes actores: algunas evidencias a partir do caso de estudio de Madrid. Investigaciones Geográficas, n. 87, p. 62-75, 2015. https://doi.org/10.14350/rig.40700

ULLDEMOLINS, J. R.; JIMÉNEZ, L. P. Cultura, transformación urbana y empoderamiento ciudadano frente a la gentrificación: comparación entre el caso de Getsemaní (Cartagena de Indias) y el Raval (Barcelona). Eure, v. 42, n. 126, p. 97-122, 2016.

UNITED NATIONS CONFERENCE ON TRADE AND DEVELOPMENT (UNCTAD). Creative Economy: Report 2008. Genebra: Nações Unidas, 2008.

UNITED NATIONS CONFERENCE ON TRADE AND DEVELOPMENT (UNCTAD). Creative Economy: Report 2010. Genebra: Nações Unidas, 2010.

UNITED NATIONS EDUCATIONAL, SCIENTIFIC AND CULTURAL ORGANIZATION (UNESCO). Creative Economy Report 2013. Especial edition: widening local development pathways. Genebra: Nações Unidas, 2013.

UZZI, B.; SPIRO, J. Collaboration and creativity: the small world problem. American Journal of Sociology, v. 111, n. 2, p. 447-504, 2005. https://doi.org/10.1086/432782

VANOLO, A. Alternative capitalism and creative economy: the case of Christiania. International Journal of Urban and Regional Research, v. 37, n. 5, p. 1785-1798, 2013. https://doi.org/10.1111/j.1468-2427.2012.01167.x

WEBER, M. Economia e sociedade. Brasília: Editora da UnB, 2004.

Downloads

Publicado

2022-08-16

Como Citar

RUDUIT GARCIA, Sandro. Arte e tecnologia nos mercados: questões para discussão e análise. Diálogo com a Economia Criativa, Rio de Janeiro, v. 7, n. 20, p. 152–168, 2022. DOI: 10.22398/2525-2828.720152168. Disponível em: https://dialogo.espm.br/revistadcec-rj/article/view/375. Acesso em: 7 nov. 2025.