Ciberativismo em diabetes e a participação social na saúde através das mídias digitais
DOI:
https://doi.org/10.22398/2525-2828.41288-105Resumo
O Sistema Único de Saúde (SUS) tem por uma de suas diretrizes a participação da comunidade, correspondente ao processo e aos mecanismos de influência da sociedade sobre o Estado. Constituindo-se como espaço de debates complementar às arenas formais de negociação integrantes da institucionalidade de governo/Estado, a internet renovou as perspectivas para a comunicação em saúde ao ampliar as arenas de lutas sociais. Na sociedade em rede a política passa a ser inserida na mídia, alterando-se o perfil dos participantes dos movimentos sociais de militantes para ativistas. Considerando este contexto, o presente estudo analisa as narrativas produzidas na rede social Facebook por portadores de diabetes (doença crônica com prevalência crescente no mundo) brasileiros, buscando entender como articulam suas experiências de convívio com a doença na luta política por direitos relacionados à saúde e como se constituem enquanto atores sociais da saúde. Foram encontrados como tipos de atores sociais do diabetes: usuários da saúde, organizações de saúde, mídia, profissionais de saúde, comércio e academia. Apesar das ressalvas que vem sendo levantadas em relação ao controle do acesso aos conteúdos produzidos nas redes sociais pelos administradores das plataformas, é preciso reconhecer estes espaços como arenas de disputa onde os usuários da saúde tem participação relevante na discussão da política pública de saúde como produtores legítimos de conhecimentos em saúde por meio de suas experiências práticas da vida cotidiana.
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