A animação japonesa e a sua marca de distinção no Ocidente

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22398/2525-2828.82410-24

Palavras-chave:

Orientalismo, Distinção, Animação japonesa

Resumo

Este artigo aborda o modo como a animação japonesa adquiriu uma marca distintiva no Ocidente a partir de toda uma construção histórica. Assim, é discutido como a compreensão sobre a animação japonesa no Ocidente foi influenciada pelas imagens construídas e propagadas a partir de uma visão limitadora e orientalista preexistente acerca do Japão, uma vez que construções estereotipadas podem interpelar o modo como as populações de diferentes localidades interpretaram as produções desse país. Em seguida, é delineada a trajetória da recepção e da distribuição da animação japonesa em contextos ocidentais, utilizando como ponto central de análise os Estados Unidos, que é historicamente o maior consumidor de animação japonesa do bloco ocidental. Com isso, destacamos que o termo “anime” se consolidou no Ocidente como um rótulo que representa uma série de valores agregados relacionados à noção de diferença, mas que, nos últimos anos, com o aumento de animações produzidas fora do Japão que incorporam esquemas estilísticos que durante muito tempo foram relacionados às produções desse país, essa noção estabelecida em torno da animação japonesa está sendo tensionada.

Biografia do Autor

Gustavo de Melo França, Universidade Federal de Sergipe

Mestre na linha Cultura, Economia e Políticas da Comunicação do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Sergipe. Bacharel em Design Gráfico pela Universidade Federal de Sergipe. Desenvolve pesquisas sobre o campo da animação e os processos de hibridismos culturais que ocorrem no mesmo, tendo como foco principal, as produções que tangem o campo da animação japonesa.

 

Referências

ALLISON, A. Sailor moon: Japanese superheroes for global girls. In: CRAIG, T. (org) Japan Pop! Inside the world of japanese popular culture. New York, M. E. Sharpe, 2000. p. 259-278.

ALLISON, A. Millennial monsters: Japanese toys and the global imagination. Berkeley, University of California Press, 2006.

BENEDICT, R. O crisântemo e a espada. 2. ed. 4. reimpressão. São Paulo: Perspectiva, 2014. BORGES, P. M. Traços ideogramáticos na linguagem dos animês. São Paulo: Via Lettera, 2008.

BOURDIEU, P. As regras da arte: gênese e estrutura do campo literário. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

BOURDIEU, P. A distinção: crítica social do julgamento. Porto Alegre: Editora ZOUK, 2007.

KARNAL, L.; MORAIS, M. V.; FERNANDES, E.; PUDRY, S. História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI. São Paulo: Contexto, 2007.

CLEMENTS, J. Anime: a history. London: BFI Publishing, 2014.

CONDRY, I. The soul of anime: collaborative creativity in Japan’s media success story. London: Duke University Press, 2013.

CRAIG, T. Japan Pop! Inside the world of Japanese popular culture. Nova York: M. E. Sharpe, 2000.

DALIOT-BUL, M. Reframing and reconsidering the cultural innovations of the anime boom on US television. International Journal of Cultural Studies, v. 17, p. 75-91, 2014.

DENISON, R. Anime: a critical introduction. London: Bloomsbury Publishmg Pic, 2015.

FRANÇA, G. Os processos de hibridismo cultural na animação japonesa: uma compreensão do campo a partir do caso “Little Witch Academia” e o subgênero de garotas mágicas. 2020. 210 f. Dissertação (Mestrado em Comunicação) – Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão. 2020.

FRANÇA, G. A identidade imaginada do Japão e as tensões com o estrangeiro: Mukokuseki e Nihonjinron na percepção da animação japonesa. Memorare, v. 9, n. 1, 2022, p. 14-29.

HENSHALL, K. G. A história do Japão. Lisboa: Editora Almedina, 2017.

HIROMICHI, M.; SUDO, T.; KOUDATE, T.; MATSUMOTO, A.; RIKUKAWA, K.; ISHIDA, T.; KAMEYAMA, Y.; MORI, Y.; HASEGAWA, M. Anime Industry Report 2021. Tóquio: The Association of Japanese Animations, 2022. Disponível em: <http://aja.gr.jp/english/japan-anime-data>. Acesso em: 17 maio 2023.

HOBO, F. Análise e interpretação da comunicação gráfica japonesa contemporânea: o kawaii, a tipografia e o flatness interpretados sob um olhar sociocultural, estético e histórico. 2015. 355 f. Tese (Doutorado em Design) – Faculdade de Arquitetura, Universidade de Lisboa, Lisboa. 2015.

HU, T.-Y. G. Frames of Anime: culture and image building. Hong Kong: H. Press, 2010.

IKEDA, H. More on the History of the Japan Society for Animation Studies: Historic Essentials of Animation Studies. In: YOKOTA, M.; HU, T. (org.) Japanese animation: East Asian perspectives. Jackson: University Press of Mississippi, 2014. p. 73-84.

IZAWA, E. The romantic, passionate Japanese in Anime: a look at the hidden Japanese soul. In: CRAIG, T. (org.) Japan Pop! Inside the world of Japanese popular culture. New York: M. E. Sharpe, 2000. p. 138-153.

JENKINS, H.; GREEN, J.; FORD, S. Cultura da conexão: criando valor e significado por meio da mídia propagável. São Paulo: Editora Aleph, 2014.

LEONG, J. Reviewing the ‘Japaneseness’ of Japanese Animation: Genre Theory and Fan Spectatorship. Cinephile. The University of British Columbia’s Film Journal, v. 7, n. 1, Spring 2011.

LEVI, A. The Americanization of anime and manga: negotiating popular culture. In: BROWN, S. T. (org.) Cinema Anime: critical engagements with Japanese animation. New York: MACMILLAN, 2006. 3-54.

LÓPEZ, A. H. Animación japonesa: análisis de series de anime actuales. 2013. 510 f. Tese (Doutorado em Dibujo-Diseño y NuevasTecnologías) – Facultad de Bellas Artes Alonso Cano, Universidade de Granada, Granada. 2013.

LUYTEN, S. Mangá: o poder dos quadrinhos japoneses. 3. ed. São Paulo: Hedra, 2012.

KOIDE, M. On the establishment and the history of the Japan society for animation studies. In: YOKOTA, M.; HU, T. (org.) Japanese animation: East Asian perspectives. Jackson, University Press of Mississippi, 2014. p. 49-72.

MITTELL, J. The great saturday morning exile: Scheduling cartoons on television’s periphery in the 1960s. In: STABILE, C.; HARRISON, M. (org.) Prime time animation: television animation and American culture. Nova York: Routledge, 2001. p. 33 54.

MONTE, S. A presença do animê na tv brasileira. São Paulo: Editora Laços, 2011.

NAPIER, S. J. Anime from Akira to Howl’s moving castle: experiencing contemporary Japanese animation. Nova York: PalgraveMacmillan, 2005.

NESTERIUK, S. Dramaturgia de série de animação. São Paulo: ANIMATV, 2011.

NOGUEIRA, L. Manuais de cinema II: géneros cinematográficos. Covilhã: Livros LabCom, 2010. ORTIZ, R. O próximo e o distante: Japão e Modernidade - Mundo. São Paulo: Editora Brasiliense, 2000.

OTMAZGIN, N. Anime in the US: the entrepreneurial dimensions of globalized culture. Pacific Affairs, v. 87, n. 1, 2014.

RUSCA, R. The Changing Role of Manga and Anime Magazines in the Japanese Animation Industry. In: NEOFITOU, S.; SELL, C. (org.) Manga vision: cultural and communicative perspectives. Clayton: Monash University Publishing, 2016. p. 52-69.

SAID, E. Orientalismo: O oriente como invenção do ocidente. 7. reimpressão. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

SATO, C. JAPOP: o poder da cultura pop japonesa. São Paulo: NSP Hakkosha, 2007.

STABILE, C.; HARRISON, M. Prime time animation: an overview. In: STABILE, C.; HARRISON, M. (org.) Prime time animation: television animation and American culture. Nova York: Routledge, 2001. p. 1-11.

SUAN, S. Anime’s performativity: Diversity through conventionality in a global media-form. Animation: an Interdisciplinary Journal, v. 12, n. 1, 2017.

TSUGATA, N. An introduction to animation studies. Tokyo: Heibonsha, 2005.

URBANO, K. Legendar e distribuir: o fandom de animes e as políticas de mediação fansubber nas redes digitais. 2013. 174 f. Dissertação (Mestrado em Comunicação) – Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2013.

WELLS, P. Smarter than the average art form: animation in the television era. In: STABILE, C.; HARRISON, M. (org.) Prime time animation: television animation and American culture. Nova York: Routledge, 2001. p. 15-32.

Publicado

2023-12-22

Edição

Seção

Dossiê SEANIMA#3