Economia criativa e o comer em modos slow e comfort food: movimentos de resistência na cidade
DOI:
https://doi.org/10.22398/2525-2828.92525-39Palavras-chave:
Comensalidade, Slow food, Comfort food, Economia criativaResumo
A cidade é intrinsecamente dinâmica, ampliando-se por meio de interconexões, reorganizações, desempenhos e padrões de consumo. A cidade não apenas existe, mas, acima de tudo, propor ciona experiências que amalgamam subjetividades e realidades objetivas. No contexto urbano, são vivenciadas intensas ressignificações. Pode-se perceber o trânsito entre fluxos de sentido de fenômenos comunicacionais como o da comensalidade, do comer junto. Alimentação e afetos estão imbricados na cidade. Partindo dessas observações, o objetivo deste trabalho é, com o olhar a partir da economia criativa, lançar luz sobre as possíveis dissonâncias entre as ofertas do comer que se apresentam na cidade em modos slow e comfort food e a legítima busca de consumidores de um nicho politizado e engajado em pautas socioambientais e anticapitalistas. Essas temáticas se manifestam como movimentos de resistência no contexto urbano que envolve uma socieda de acelerada e produtivista. Essas buscas sobressaíram na cidade em tempo de pandemia e de rupturas, notadamente na internet. Propomos também uma reflexão sobre como o mercado se apropria dessas pautas que geram engajamento para promover o seu produto ou serviço, porém muitas vezes não sustenta sua proposta, uma vez que podem não promover percepção de valor aos que consomem. O trabalho se inscreve em uma abordagem qualitativa, sob um olhar socioan tropológico, em postagens nas redes sociais e publicações online. Fez-se uma busca por temáticas relacionadas ao comfort food durante o período da pandemia de COVID-19.
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